Incentivo à produção cultural de quem tem menos oportunidades
A estudante de Direito Bárbara Angeli Piemonte Silva, 20 anos, nasceu em Franco da Rocha, interior de São Paulo, mas, apesar da pouca idade, já conheceu boa parte do Brasil e do mundo. Cigana, viveu cerca de seis meses em cada lugar por onde passou. No roteiro, constam cidades de norte a sul do Brasil e capitais de outros países, como Buenos Aires, na Argentina, e Madri, na Espanha. Embora hoje esteja na faculdade, ainda lembra as dificuldades que enfrentou durante os tempos de escola, por ser cigana.
“Na escola, fui muito discriminada, não pelos professores e diretores, mas pelos próprios alunos, que me chamavam de suja. O ser humano julga muito a aparência, se você está bem vestido e se mora em uma boa casa”, lamenta Bárbara. Para lutar contra essa realidade, valorizar a cultura cigana, o Ministério da Cultura lançou, neste ano, a terceira edição do Prêmio Culturas Ciganas.
O edital, feito em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR), visa conceder 60 prêmios de R$ 14.285,72. Destes, 15 irão para pessoas físicas ciganas, 35 para grupos e comunidades ciganas sem constituição jurídica e 10 para instituições privadas sem fins lucrativos, integradas por indivíduos pertencentes a qualquer etnia cigana e reconhecidas por sua contribuição social e cultural à cultura cigana. No total, serão investidos o montante de R$ 857.143,20, derivados do Programa 2027 – Preservação, Promoção e Acesso à Cultura, da Administração Direta.
“Isso ajuda bastante a ampliar os acampamentos. Em Brasília, tem uma escola de dança com dificuldade: a condição deles lá é precária, as lonas estão velhas, e não há saneamento básico, nem luz”, conta Bárbara. “O dinheiro ajudaria a trocar as lonas, e o prêmio também valoriza essa comunidade e ajuda a combater o preconceito”, completa.
Este foi apenas um dos editais com foco em comunidades minoritárias lançados pelo Ministério da Cultura no ano passado. Em 2014, o prêmio Cultura Hip Hop, por exemplo, realizado em parceria com a Fundação Nacional das Artes (Funarte) veio a público com o objetivo de premiar 170 iniciativas, entre R$ 14,3 mil e R$ 20 mil, que fortalecem expressões culturais do movimento Hip Hop.
O Ministério da Cultura, em parceria com entidades vinculadas e secretarias, também lançou iniciativas voltadas para artistas negros. Foi o caso do Edital Bolsa Funarte de Fomento aos Artistas e Produtores Negros. Com investimento de R$ 4 milhões, o edital contemplará 45 projetos.
Na área de cinema, também houve iniciativas do governo. O edital Curta Afirmativo: Protagonismo da Juventude Negra na Produção Audiovisual busca contemplar 34 projetos com investimento de R$ 3 milhões.
A brasiliense Priscila Pereira Martiniano da Silva, de 19 anos, foi uma das beneficiadas e pôde realizar seu primeiro curta como diretora, ao se inscrever no edital Curta Afirmativo. Escolheu uma história que se passou com seu pai, Alexandre Silva, um cinegrafista apaixonado pela profissão, que acabou envolvido com ladrões de banco ao fazer uma reportagem.
Desde pequena, Priscila fazia filmes, em casa, com a família. O pai filmava, a mãe escrevia o roteiro, e Priscila dirigia. “Meu pai contava em casa essa história. Acho que isso me marcou”, revela. Quando leu o edital, achou que seria uma oportunidade de voltar a colocar a mão na massa. Lembrou-se do relato do pai e achou que daria uma boa trama para o projeto.
Em 2014, foram lançados também o Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, que visa beneficiar 25 projetos nas áreas de dança, artes visuais, teatro e música, assim como a publicação do Prêmio de Culturas Afro-Brasileiras, que contemplou 80 iniciativas de comunidades quilombolas, povos e comunidades tradicionais de matriz africana e coletivos culturais negros.
(Fonte: Assessoria de Imprensa
Ministério da Cultura)