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6 de janeiro de 2019

“Papel do circo é deixar no espectador um desejo de liberdade”

Preservar os ensinos circenses técnicos e, ao mesmo tempo, estimular a individualidade de cada artista, fazendo com que desenvolvam ao máximo a sua arte. Esta é a proposta da Escola Nacional de Circo (ENC), principal centro de formação circense do Brasil. Inaugurada em 1982, a Escola completa 37 anos em maio deste ano e tem motivos para comemorar.

A Escola se consolidou como referência nacional no ensino de artes circenses, sendo a única com curso de formação reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). A formatura da segunda turma do curso técnico em artes circenses é um deles. Para fechar o ciclo de formação com chave de ouro, os 60 alunos, vindos de 16 estados brasileiros e 6 países – Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Itália e Venezuela – estão preparando quatro espetáculos distintos. Os trabalhos serão apresentados ao público no mês de maio, na 2ª Bienal organizada pela Escola – um mini festival organizado para a divulgação dos espetáculos dos alunos.

A direção dos quatro espetáculos está a cargo de um renomado diretor circense, o italiano Roberto Magro. Responsável por um momento tão importante na carreira dos alunos, o diretor diz que seu trabalho consiste em instigar os estudantes a inovar, a transformar o seu aprendizado em poesia, e a levar sua arte e o público além.

“Se tem um papel oficial do circo para mim é isso: é deixar no espectador sempre um desejo de liberdade”, completa o diretor. Ele ainda ressalta que, por serem trabalhos de formatura, os espetáculos são diferenciados. “Os jovens artistas costumam lidar de forma mais livre com o risco, pois trazem menos preconceitos do próprio mundo do circo e se lançam sem medo de inovar e de se expor”, conclui.

Experiência internacional

O intercâmbio com profissionais, instituições e companhias internacionais é rotina na ENC. De acordo com o coordenador da Escola, Carlos Vianna, boa parte de seu trabalho é manter as boas relações e os contatos com diversos países. “Nós temos contatos bem sólidos com França, Canadá e Bélgica, que são países importantes na produção de circo”, conclui. No ano passado, a Escola trouxe um grupo de pesquisadores da Escola Nacional de Circo de Montreal, uma das mais importantes do mundo para participar de um seminário no final do ano.

“Desses encontros surgem muitas novas possibilidades. Hoje em dia nós temos uma possibilidade real de trabalhar em conjunto com esses laboratórios de pesquisa e de criação na área de circo. Nós também estamos sendo convidados pelo Instituto Francês de Circo a colaborar nas criações, o Instituto Francês tem um grande interesse no projeto desenvolvido aqui na escola”, destacou Vianna.

Não faltam resultados dessa interação. Em março de 2018, por exemplo, o diretor de Casting do Cirque Du Soleil, Julien Penel, promoveu o primeiro processo de seleção no Brasil, após um hiato de dez anos. Na ocasião, sete alunos foram aprovados para integrar o elenco do Cirque Du Soleil – mais importante companhia circense do mundo. Desses, cinco já estão de fato integrando o elenco de algum espetáculo.

Curso de formação

Com a evolução do próprio conceito de circo, a instituição precisou se renovar ao longo de sua história, principalmente no que diz respeito a seus processos pedagógicos. O curso de formação, que inicialmente era de dez meses, foi transformado em um programa de ensino técnico com duração de dois anos. “Nossa escola está em um processo de desenvolvimento contínuo de novas ações. Os resultados com os alunos são muito expressivos, seja na apresentação durante os espetáculos ou no destaque obtido por ex-alunos em outros projetos artísticos”, afirmou o coordenador-geral, Carlos Vianna.

A Escola está localizada em um terreno de sete mil metros quadrados, na Praça da Bandeira, no Rio de Janeiro (RJ), e abriga uma lona moderna de quatro mastros, com capacidade para 1.200 espectadores. Para a formação de um artista integral, a escola oferece aulas em 40 modalidades circenses, ministradas por professores de circo, teatro e preparadores técnicos. Os alunos também têm aulas de teatro, dança, história do circo, cultura e sociedade, elaboração de projetos culturais e laboratório de pesquisa e criação individual.

“Ensinamos todas as linguagens do circo, que são trabalhadas de acordo com a individualidade de cada artista. O trabalho de preparação dos alunos é feito com muito cuidado por toda a equipe técnica da escola”, esclareceu Vianna. “Mesmo depois que se formam, os alunos mantém vínculo com a ENC. Sempre acompanhamos o desenvolvimento deles em todos os momentos”, afirmou o coordenador.

Editais

Ainda em 2019, a Escola lançará dois editais ainda no primeiro semestre. Em março, será iniciado o processo de seleção de alunos para o próximo curso técnico de formação. De acordo com Vianna, o próprio nível técnico dos concorrentes faz com que seja necessária experiência prévia para ingressar na escola. “Recebemos cerca de 400 inscrições, das quais 60 serão selecionadas, o que eleva o nível da concorrência”, destaca. As aulas da terceira turma terão início no segundo semestre desse ano.

A escola também tem previsto o lançamento de um edital de residência criativa. Destinado a ex-alunos e profissionais do setor, o certame busca o desenvolvimento de projetos individuais e autorais.

 

(Fonte: Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania)

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