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23 de agosto de 2012

“Anjo” também influencia teatro tocantinense

Lembrado e comentado, Nelson Rodrigues influencia obras, peças e outras manifestações artísticas de várias gerações em todo o Brasil. No Tocantins, artistas locais levam a trajetória do polêmico dramaturgo como um dos pilares para a execução de seus trabalhos, mas sem deixar de lado um olhar crítico sobre o trabalho de Nelson Rodrigues.
Para o ator Cícero Belém, Nelson Rodrigues influenciou toda uma geração que faz e pensa o teatro no Brasil. “Esta forma de arte tem a função de contestar e revelar o espírito humano de forma contudente. E ninguém fez isso melhor que Nelson Rodrigues. Tenho desejo de um dia montar o Vestido de Noiva, um marco na dramaturgia brasileira”, almeja Cícero.

Montagem

No Tocantins não há registros de montagens completas de obras de Nelson Rodrigues, mas grupos de leituras dramática formados por alunos de instituições, como o Sesc e o Centro de Atividades do Espaço Cultural de Palmas, já apresentaram textos como O beijo no asfalto, Toda nudez será castigada e Bonitinha, mas ordinária.

No ano de 2002, o grupo Teatro Livre de Palmas montou o espetáculo A vida como ela é… no cordel, que não continha textos de Nelson Rodrigues, mas fazia homenagem ao dramaturgo no título do espetáculo, relembrando um dos mais famosos textos do renomado escritor – A vida como ela é. Diretor da peça, o produtor cultural e professor de teatro Marcelo Souza conta como Nelson marca sua vida e trabalho. “Tive a oportunidade de acompanhar os debates esportivos e as crônicas dele, que sempre foi um apaixonado pelo futebol e pelo Fluminense. E como dramaturgo ele inaugurou recursos dramáticos, como iluminações que dispensavam estruturas arquitetônicas grandiosas. Ele é um gênio”, considera Souza, acrescentando ainda que, em outubro, iniciará leituras dramáticas da peça Vestido de Noiva nas escolas públicas e também na rede particular de Palmas.

Crítica

Classificado por ele mesmo como “desagradável”, Nelson Rodrigues foi o mais revolucionário personagem do teatro brasileiro. Seu teatro chocou plateias, provocando não apenas admiração, mas também repugnância e ódio, sentimentos muitas vezes alimentados por seu temperamento inclinado à polêmica e à autopromoção.

O produtor cultural Wertemberg Nunes comenta a forma maniqueísta das construções das obras de Nelson. “Acho que é um excelente dramaturgo e escritor, mas vejo de forma crítica o maniqueísmo implícito e a estratégia cristã de depurar o público. Nelson constrangia ao demonstrar o humano. Isso é muito inteligente, mas é polêmico”, lembra.

 

 

(Fonte: Cinthia Abreu e Carol dos Anjos JTO)

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