Art’Sacra: 10 anos de paixão
Cia teatral utiliza a arte para a evangelização e contribuição social
Contar a mesma história de modo inovador para causar uma emoção diferente em cada apresentação. Esse é o principal objetivo do espetáculo Paixão de Cristo, que este ano completa 10 anos, sendo encenado pela Art’Sacra Companhia de Teatro.
Para a décima apresentação a companhia promete grandes surpresas, o roteirista Gleydston Galindo, 26 anos, revela que, para este ano, se inspirou na produção cinematográfica de 1977, Jesus de Narazé, de Franco Zefirelli. “Nesta edição queremos usar uma linguagem mais popular com as falas simples, e também temos a base no estudo bíblico muito bem feito para ser fiel à história”, comenta, destacando que o figurino, a cenografia e os efeitos também vão surpreender.
A proposta da Art’Sacra é fazer a apresentação no Estádio Nilton Santos, com a participação de 300 pessoas em todo o espetáculo, mas o local ainda não foi definido, já que falta o laudo do Corpo de Bombeiros para definir se a peça pode ser realizada no estádio. Nos últimos anos a peça vinha sendo encenada na Praça dos Girassóis.
Gleydston, que também interpreta o papel de Jesus Cristo na peça, fala da emoção de retratar a história de um símbolo de amor e humildade que a figura de Cristo significa. “Eu tomo para mim os exemplos de Jesus. Eu sempre reflito depois que a peça termina. Vem à minha memória cada momento desde o início dos ensaios”, comenta.
História
A ideia da encenação surgiu antes mesmo da criação da Art’Sacra Companhia de Teatro, quando os atores integravam um grupo de jovens da Paróquia Dom Orione, em Palmas, e começaram a montar o espetáculo que retrata a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
O diretor da Art’Sacra, Valdeir Santana, 30 anos, já dedicou 15 anos de sua vida à arte cênica e não esconde sua emoção em chegar à décima apresentação da peça. “É algo que marca muito, gosto de saborear cada momento deste período da peça, e me deixar conduzir pela arte e a didática de Jesus”, diz, ao definir como se sente após cada apresentação.
Para ele, outra emoção que se alia ao sentimento da realização da encenação é a convivência com os colegas de espetáculo. “A oportunidade de conviver com pessoas que te preenchem com um carinho, um olhar e uma vontade em comum é algo positivo, passamos a ser uma família”, destaca.
O vice-diretor da companhia, Josafá Miranda de Souza, explica que, apesar das dificuldades com a rotina de trabalho tendo que ser aliada a rotina de ensaios, todos se sacrificam um pouco para manter o projeto vivo. Exemplo disso são: Gleydston, que interpreta Jesus, é eletrotécnico, enquanto Maicon Luiz Batista dos Santos é vigilante patrimonial. Já Guilherme Antônio dos Santos é guarda metropolitano ambiental e Josafá, professor.
No total, a companhia é composta de 40 integrantes. Por ser um grupo pequeno, sempre há participação de outros colaboradores, e as vezes alguns atores chegam a interpretar mais de um personagem.
Inovação
As apresentações, no decorrer deste anos, já renderam boas histórias para os artistas, uma delas foi quando o ator Sinobilino Neto teve que subir em uma árvore de onde encenaria o momento da ressurreição, e enfrentou, além da emoção do momento, o seu medo de altura. “Lembro que na época foi uma surpresa para o público, desde então todos ficam curiosos para saber onde vai surgir Jesus após a ressurreição”, acrescenta Josafá, relatando ainda que, em 2008, este momento foi representado no alto do Palácio Araguaia.
Para Valdeir, duas apresentações se destacam como as que mais marcaram a trajetória do espetáculo. Uma delas foi em 2011, quando o grupo estava com uma integração diferente e a união resultou em muita emoção para o público e os atores. A outra citada pelo diretor foi a quarta apresentação, feita ainda no espaço da paróquia. Como o local era pequeno era possível sentir muito de perto a emoção da plateia. “Na época o arcebispo era o Dom Alberto, lembro de ter visto ele chorando várias vezes durante a apresentação”, recorda o ator.
Grupo
Além da Paixão de Cristo, outro trabalho de destaque do grupo é o espetáculo Auto de Natal, que traz para os palcos, em dezembro, a história do nascimento de Jesus Cristo.
A Art’Sacra também atua para o desenvolvimento cultural e educacional da comunidade através de oficinas de expressão corporal, teatro, criação, voz e improvisação. De um modo geral, seus trabalhos sempre abordam temas sociais, com espetáculos sacros e educativos, com foco na conscientização ambiental e qualidade de vida, entre outros temas, como a discussão da situação do idoso, dependência química, saúde e família na atualidade.
(Fonte: Alessandra Brito – JTO)